Que Paris é um centro cultural reconhecido mundialmente, é fato. Há exposições para todos os gostos, nos 365 dias do ano. Não estamos nos referindo aos acervos permanentes, em poder dos museus, o que seria missão (quase) impossível precisar, mas falando das exposições temporárias, com duração mais curta, que passam pela cidade.
Essas exposições reúnem durante três ou quatro meses obras de peso, algumas espalhadas pelo mundo, reunidas graças a curadorias impecáveis. Se tem algo que os franceses fazem bem feito são as expos, como frequentemente abreviam por aqui. Elas atraem tanto parisienses quanto estrangeiros de passagem pela capital francesa.
Dez expos do momento, algumas já em curso e outras na iminência de estrear: “Leonardo da Vinci – 1452-1519”; “Toulouse-Lautrec, résolument moderne”; “Greco”; “Degas à l’Opéra”; “L’âge d’or de la peinture anglaise”; “Van Gogh, la nuit étoilée”; “Bacon en toutes lettres”; “20 Ans – Les acquisitions du musée du quai Branly – Jacques Chirac”; “Picasso. Tableaux magiques”; e “Du Douanier Rousseau à Séraphine – Les grands maîtres naïfs”.
A retrospectiva da obra de Leonardo da Vinci, para marcar os 500 anos de sua morte, começa 24 de outubro e segue até 24 de fevereiro de 2020. É esperado um recorde de visitas no Museu do Louvre, que, desde junho, passou a vender os ingressos obrigatoriamente pela internet. O mestre italiano viveu seus últimos três anos na França.
“Toulouse-Lautrec, résolument moderne” reúne 200 obras do artista no Grand Palais, até 27 de janeiro de 2020. Precursor do movimento futurismo, Henri Marie Raymond de Toulouse-Lautrec-Monfa foi um pintor pós-impressionista e litógrafo francês. O tema-chave de sua obra foi a boemia de Paris do final do século 19. Toulouse-Lautrec morreu precocemente, aos 36 anos, de sífilis e alcoolismo. A expo reúne suas principais telas.
Outra expo que movimenta o Grand Palais é dedicada a Domenico Theotokopoulos, conhecido como El Greco, nascido em 1541 em Creta, na Grécia. Formou-se artista em Veneza e Roma, mas foi na Espanha que El Greco eternizou sua obra a partir dos anos 1570. A primeira grande retrospectiva do artista realizada na França segue até o dia 10 de fevereiro do ano que vem. O estilo dramático e expressivo de El Greco encontrou eco no século 20, sendo considerado um dos precursores do expressionismo e do cubismo.
“Degas à l’Opéra” acontece no Museu d’Orsay e segue até 19 de janeiro de 2020. Degas fez do Palais Garnier, o Ópera de Paris, um dos pontos centrais de sua obra, cuja marca são bailarinas. Nessa mostra, a curadoria reúne obras do artista retratando os bastidores da mais famosa casa de dança e ópera parisiense, que completa 350 anos. Depois de Paris, a expo segue para a National Gallery of Art, em Washington, nos Estados Unidos.
A expo do momento no Museu de Luxemburgo abriu recentemente, segue até fevereiro de 2020, e é sobre a época de ouro da pintura inglesa. Trata-se de um ‘recorte’ do desenvolvimento da arte entre 1760 e 1820, ao longo do reinado de George III, quando a sociedade inglesa se transformava, impulsionada pela Revolução Industrial. A expo reúne o melhor de artistas de primeira linha, desde os pintores preferidos do rei até os mais independentes.
“Van Gogh, la nuit étoilée” é uma imersão, que acontece no Atelier des Lumières, em Paris, até o final de dezembro. Em vez de quadros, desenhos, fotos ou esculturas, a obra do pintor holandês é apresentada digitalmente, com música. A projeção ‘preenche’ paredes de até 10 metros. “Van Gogh, a noite estrelada” em português dura 32 minutos, pode ser vista mais de uma vez, e vem acompanhada de outras duas projeções.
O Centro Pompidou continua a revisar as principais obras do século 20. Dedica, nesse momento, uma vasta expo ao artista britânico Francis Bacon, morto em 1992, especializado em pintura figurativa. Textos em francês e inglês de Nietzsche, Bataille, Leiris, Conrad e Eliot são o pano de fundo da expo. Os autores, que inspiraram Bacon com obras e motivos, compartilham um universo poético, “formando uma família espiritual na qual o pintor se reconheceu”, antecipa o site do museu. “Bacon en toutes lettres” vai até 20 de janeiro de 2020.
O Quai Branly propõe uma descoberta dos objetos adquiridos pelo museu nos últimos 20 anos. Desde 1998, quando foi criado, engrossou seu acervo ‘herdado’ do Museu do Homem e do Museu das Artes da África e Oceania com cerca de 78 mil itens históricos e contemporâneos (objetos e obras gráficas e fotográficas). Importantes aquisições são demonstradas na expo com a apresentação de 500 objetos em média, que podem ser conferidos até 26 de janeiro de 2020.
A expo “Picasso. Tableaux magiques” acontece no Museu Picasso Paris até 23 de fevereiro do ano que vem. De acordo com informações do museu, entre o verão de 1926 e a primavera de 1930, Pablo Picasso criou pinturas as quais o crítico de arte Christian Zervos chamou, em 1938, “pinturas mágicas”. Picasso experimenta diferentes formas plásticas e “abre um novo capítulo em sua criação.” A expo promove um encontro de grande parte dessas obras singulares, hoje espalhadas pelo mundo, “colocando-as no contexto do surrealismo e das correntes psicanalíticas contemporâneas”.
Para arrematar a temporada de imperdíveis expos em Paris, a dica para você que está ou estará aqui é visitar “Du Douanier Rousseau à Séraphine – Les grands maîtres naïfs”, no Museu Malliol. Até 19 de janeiro de 2020, é possível conhecer cerca de 100 quadros de um mundo fascinante, sonhador, incomum e inesgotável dos chamados artistas ingênuos, naïfs em francês. Artistas, como Henri Rousseau, Séraphine Louis, André Bauchant, Camille Bombois, Ferdinand Desnos, Jean Eve, René Rimbert, Dominique Peyronnet e Louis Vivin, renovam a pintura à sua maneira.