Ruas de Paris revelam histórias, como o J’accuse de Émile Zola

As ruas de Paris contam sua história. É muito comum, ao passear a pé pela cidade, se deparar com placas que fazem referência a momentos importantes vividos pela sociedade francesa.

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Esse prédio, no número 140-142 da Rue Montmartre, por exemplo, foi sede de alguns jornais franceses de referência ao longo de décadas. Uma redação ‘audaciosa’ ali instalada foi a do L’Aurore, um jornal diário fundado em 1897 com circulação até 1914.

Nesse prédio, embalado pelos avanços tecnológicos da imprensa da época, como a rotativa, a linotipo e a reprodução fotográfica, foi ‘rodado’ no dia 13 de janeiro de 1898 o famoso artigo do escritor francês Émile Zola sob o título “J’accuse”.

Zola acusou, numa carta aberta ao então presidente da República Félix Faure, irregularidades no processo contra Alfred Dreyfus, militar francês adepto ao judaísmo acusado de espionagem em favor da Alemanha, num processo baseado em informações falsas e abafado pelo nacionalismo e pela xenofobia que invadiram a Europa no final do século 19.

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A edição esgotou-se em poucas horas. Nessa época, os jornais ganhavam capilaridade e eco junto à opinião pública. O Caso Dreyfus, mais tarde inocentado, é considerado, por especialistas, um dos primeiros eventos midiatizados da França. Após o “J’accuse”, a tiragem do L’Aurore, de 30 mil passou para 300 mil exemplares ao dia.

Passou pela Rue Montmartre e viu uma placa falando sobre o “J’accuse” de Émile Zola? Já sabe um pouco do que se trata. Paris é assim. Com informação, sua viagem à capital francesa é diferente.