Tornaria ainda mais interessante a retrospectiva do Louvre, para marcar os 500 anos da morte de Leonardo da Vinci (1452-1519), mas não foi dessa vez que os fãs do mestre italiano tiveram a oportunidade de comparar, lado a lado, as duas versões, praticamente idênticas, de A Virgem dos Rochedos.
O feito já ocorreu em 2011, em Londres, quando os quadros posaram na National Gallery, que negociou o empréstimo da versão do Louvre para uma exposição dedicada à obra de Leonardo da Vinci na época.
Os dois óleos sobre madeira são atribuídos ao pintor e foram executados em períodos próximos, por encomenda da Confraria da Imaculada Conceição em Milão. Até hoje, não se sabe ao certo o porquê de duas versões tão parecidas. Representam, com diferenças sutis, a Virgem Maria ao lado de São João Batista, ainda menino, com sua mão esquerda protegendo o menino Jesus, este aos cuidados de um anjo.
A versão apresentada na retrospectiva em Paris, que segue até fevereiro de 2020, é a do Louvre e foi realizada entre 1483 e 1494. A outra, entre 1491 e 1508.
A Virgem dos Rochedos da National Gallery não veio para Paris somar-se com as 160 obras de Leonardo da Vinci reunidas e permanece em território britânico para outra exposição, imersiva ao estilo da recém-inaugurada pelo MIS em São Paulo e que começa nesta semana em Londres, também em celebração aos 500 anos da morte do mestre italiano.
A National Gallery, que descobriu há 15 anos um desenho escondido embaixo da segunda versão da Virgem dos Rochedos, revela agora que o desenho esboçado, e identificado com a ajuda de tecnologia de ponta, é bem maior e difere do que foi executado.
No seu site oficial, o museu indaga: por que Leonardo da Vinci mudou sua composição original de maneira tão significativa? Pergunta cercada de mistério para chamar público à exposição britânica, que, indiretamente, concorre com a retrospectiva no Louvre.
Cada museu usa a ‘arma’ que tem na ‘guerra’ para atrair os aficionados de Leonardo da Vinci.